Asgalon sopra a essência eterna que inflama toda a Matéria.
Deuses Justos, são dezesseis, luz firme da paz e justiça.
Corrompidos são formatos da dor, do medo e do desejo.
Exuberantes moldam a luz da beleza que não morre.
Primordiais regem os quatro elementos vivos da Esfera.
Tyranos surgiram do puro horror e fome dos dragões.
Mas o Vazio persiste, desde antes do ser existir.
— Dwali "Escriba" Gamilîm, Artefateiro da Oficina Rochosa de Azan
Adoração ou Temor? by Pollo.ai
As religiosidades em Panorica são menos estruturadas como sistemas de crenças e mais de maneira análoga à teias de forças, pactos e manifestações. Não há império, reino ou mesmo tribo remota que não tenha, em algum grau, construído sua cultura ao redor da ideia de que algo maior os observa, molda e negocia trocas. As divindades existem — não como metáforas, mas como presenças reais, cujas vontades repercutem através de Domínios de Fé, sacerdotes, milagres e fenômenos que escapam à explicação natural. Ainda assim, mesmo com tais evidências, o sentido da fé permanece envolto em ambiguidade para os mortais: seria ela devoção ou barganha? Salvação ou servidão?
O que os estudiosos chamam de Esfera da Criação é sustentada pela SobrepoderAsgalon e dezenas de entidades poderosas, chamadas de Primogênitos da Criação, divididas em categorias que nem sempre são totalmente compreensíveis aos mortais. Junto, temos seres igualmente potentes que não foram criados por Asgalon. A eles é dado o nome de Erros da Criação.
No Plano de Lumiar, os Deuses Justos mantêm a ordem e a justiça como pilares, enquanto que, no Plano de Thartan, os Deuses Corrompidos atuam por meio do conflito, da ambição e da quebra de juramentos. Observando dos Planos da Aparência e da Sombra cabe aos Exuberantes, a expressão do desejo de ser, da memória e da glória de existir. Em seus tronos no Plano de Elementa, os Soberanos Primordiais encarnam os elementos em sua forma viva. Os Dragões Tyranos que restaram permanecem influenciando a Matéria através de seus agentes e, no limiar da sanidade, os Horrores Ancestrais persistem no Vazio, mesmo negados por muitos.
Para além das distinções entre os Primogênitos e os Erros da Criação, estudiosos vêm desvendando um modelo mais simbólico e funcional para compreender a natureza dos poderes desses seres. Perceberam que cada entidade manifesta sua influência através de três camadas interligadas: os chamados Aspectos Primordiais, que representam forças universais — como Vida, Morte, Vontade ou Destino; os Aspectos Maiores, que são desdobramentos temáticos desses princípios — como Fertilidade, Despedida, Determinação ou Profecia; e os Aspectos Menores, expressões concretas ou metafóricas que alimentam rituais, milagres e arquétipos — como Amamentação, Velório, Recusas ou Tropeços. Essa estrutura não serve apenas à teologia, mas também à prática: é com base nela que se moldam doutrinas, preces e até mesmo sacrifícios. Ainda que invisível aos olhos da maioria, essa tríade vibra por trás das manifestações divinas, como uma harmonia de acordes invisíveis sustentando a melodia das crenças mortais.
Agora, vamos adentrar nos cultos, dogmas e contradições dos Primogênitos e dos Erros da Criação, além de compreender melhor a própria Asgalon. Mais do que descrever credos, trata-se de observar como os mortais se relacionam com o sagrado — por temor, esperança, orgulho ou desespero. Afinal, em Panorica, a fé não é apenas um elo com o transcendente: é uma força tão real quanto a lâmina, tão volátil quanto o fogo e, por vezes, mais destrutiva que ambos.