Vazio
O Sussurro Antes do Ser
Velhos sem começo
esperam que o mundo abra
fendas do talvez.
— Kwok eNanada Se-Yeon, Primeira Sábia da Fonte
Governantes: Horrores Ancestrais (especulação).
Nome dos Subplanos: Não existem informações.
Nome dos Habitantes: Fraturas.
Criaturas Exclusivas: Aberrações.
Mais que um plano, o Vazio é ausência de definição — aquilo que jaz além da Esfera da Criação, anterior ao tempo, à forma e à essência como são conhecidas pelos mortais. Enquanto os demais planos derivam de Asgalon e se regem por leis reconhecíveis, o Vazio persiste como lembrança de um estado anterior à ordem: o disforme eterno, onde tudo é possível, mas nada permanece. É a antítese da existência e, por isso mesmo, a semente silenciosa de todo o resto.
Acredita-se que os Horrores Ancestrais, entidades banidas por Asgalon por motivos nunca plenamente compreendidos, habitem o Vazio. Alguns afirmam que esses seres seriam mais antigos — e mais poderosos — que qualquer um dos Primogênitos da Criação conhecidos e mais vastos que as simples ideias de bem ou mal. Em torno deles, formam-se aberrações: ecos menores da loucura primordial, que por vezes rompem os véus do mundo atraídas por cultos, acidentes mágicos ou fendas cósmicas.
No Vazio, não há estrutura, direção ou tempo. Não se pode ir ao Vazio — ele vem até a realidade. Sua presença é notada não pela forma, mas pela desagregação da forma. É quando conceitos falham, linguagens colapsam e a lógica é engolida por símbolos que não pedem tradução.
O Vazio não odeia, pois sequer entende o que é querer. Mas se manifesta, e quando o faz, o faz com a indiferença de tudo aquilo que nunca precisou ser entendido.
Habitantes do Vazio
Os seres nativos do Vazio desafiam a ideia de identidade. São entidades que não nasceram: emergiram. Não se reproduzem nem se multiplicam; desdobram-se, fragmentam-se, ou se convertem em outras coisas. Não partilham um propósito, embora alguns pareçam agir em uníssono, como se obedecessem a uma lógica alheia a todas as formas de pensamento mortal. Esses habitantes do Vazio não refletem intenções malignas, pois ignoram a moral: operam com uma indiferença total à existência, como se fossem vetores de um impulso estranho à própria realidade. Alguns estudiosos chamam esses entes de fraturas, manifestações transitórias de um lugar onde tudo é dissonância. O que se percebe deles pode ser só o rastro — uma casca perceptível — de algo muito maior, enterrado em camadas que o intelecto não alcança.
Aberrações
São o que sobra quando a realidade é apagada com violência.
As aberrações são as manifestações mais acessíveis do Vazio — se é que se pode aplicar essa palavra. Diferente dos Horrores Ancestrais, que são vastidões conscientes e muitas vezes inconcebíveis, as aberrações surgem como fragmentos menores, corpos feitos de conceitos rompidos e formas incoerentes. São feridas abertas no tecido do mundo, recusando-se a se fechar. Embora muitas tenham aparência física, essa forma raramente obedece às leis naturais. Membros nascem onde não deviam, olhos se movem para dentro, bocas escorrem de superfícies lisas. Algumas são atraídas ao mundo por cultos, outras por eventos mágicos catastróficos, mas muitas simplesmente aparecem — como se o Vazio respirasse para dentro da Criação por um instante. Todas têm algo em comum: provocam repulsa no corpo, confusão na mente e um estranho magnetismo que leva muitos à loucura contemplativa.
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