A estrela da Inocência nos guia na luz do dia, mas é o reflexo pálido da lua que nos impede de sermos consumidos pelas sombras da noite. Ambas as luzes são sagradas, mas nem todos estão preparados para caminhar na escuridão.
—Máxima da Ordem da Lua Pálida
A Igreja de Ceres é a instituição religiosa e o conjunto de cultos considerados legítimos pelo
Trono Imperial, correspondendo, mais precisamente, ao culto aos
Esclarecidos e ao
Coralismo, a fé estatal que tem como centro
Sua Inocência, Corallia Dei Astrea e seus filhos divinos. O Coralismo é a parte central da Igreja de Ceres, sendo a primazia da Inocência menor apenas que a das próprias
Nora e Selune.
Enquanto instituição religiosa, a Igreja de Ceres é o aparato burocrático da
Ordem da Lua Pálida, que é a sua instância mais elevada e sagrada. A Igreja aponta os sacerdotes e bispos de cidades-chave do Império e dá os meios para que hereges sejam punidos. Há deuses cujo culto era permitido e que, após eventos como a Interferência Divina, passaram a ser proibidos pela Igreja.
Coralismo
O Coralismo é a fé tradicional e dominante do Império, nascida dos feitos e do sacrifício da Santa Imperatriz Corallia Dei Astrea, ou Coralie Astrea, durante a 1E. É uma religião profundamente enraizada na história e na mitologia da sua santidade lendária e de sua progênie.
Princípios fundamentais
O cerne da fé é a veneração a Corallia, reverenciada como
A Inocência, um avatar de pureza e poder divino. Seus quatro filhos são vistos como os Pilares que sustentam a virtude, cada um representando uma lição fundamental. A fé prega a ordem, o dever, a aceitação do sacrifício e a vigilância contra a heresia e o orgulho, mas principalmente a preservação do legado da Santa Imperadora.
São Arsene, o Santo Fundador é o patrono da justiça e do dever. Sua
Ordem de Prata, hoje extinta, é o modelo ideal de cavalaria, e ele mesmo é o ideal perfeito de um monarca. Suas contribuições são inúmeras, desde cartilhas com leis a tratados filosóficos.
Os gêmeos mártires,
São Oneiros e
Santa Anionis, são os patronos do sacrifício e do mistério. Sua fuga para a tela-mundo "O Descanso Sereno" é um ato de transcendência. São frequentemente associados a temas de irmandade, devoção e às artes.
A última filha da Inocência é
Astéria, chamada de Estrela Caída. Os mitos ao redor de Astéria — chamada de Hélia pelos lerionenses — buscam servir como contos de advertência contra a heresia e o orgulho. Ela é a fundadora da
Fé Solari.
Ordem da Lua Pálida
A Ordem da Lua Pálida é o corpo sacerdotal que controla a Igreja de Ceres e, portanto, o Coralismo. Inicialmente, foi concebida como uma ordem de curadores que, após a morte da Santa Imperadora, conseguiu prestígio e influência durante o reinado do Imperador Arsene. Enquanto o Coralismo de Ceres se tornava a face pública da fé, a Ordem da Lua Pálida continuava sua missão nas sombras, vendo a religião estatal como um escudo necessário, mas simplificado.
A Ordem foi fundada para guardar os segredos perigosos por trás dos mitos — a verdade sobre o
Grande Nada, a
Vontade do Sol Negro e a natureza instável das telas-mundo que Coralie pintou. A relevância dessa tarefa degenerou a Ordem ao longo dos séculos, que gozou de mais e mais privilégios, principalmente após o fim da Primeira Dinastia de Ravenna.
Cabe à Ordem da Lua Pálida descobrir e selecionar os Oráculos de Nora e Selune, uma tarefa de grande importância para o povo Luari e os ritos imperiais. Também é a Ordem quem ratifica a legitimidade daquele que assume o Trono Imperial, outorgando ao Imperador a alcunha honorária de Sacro. Muitos membros da Ordem são devotos dos Gêmeos Mártires, vendo neles a chave para os mistérios cósmicos.
Atividades na Terceira Era
Na era atual, a Ordem da Lua Pálida trabalha para manter o frágil equilíbrio que Ceres estabeleceu. Eles combatem cultos que interpretam os mitos de forma literal e perigosa, buscam a tela-mundo para protegê-la, e entendem que a fé pública é a única coisa que impede a humanidade de olhar para o abismo que Corallia um dia enfrentou.
Nos séculos que se seguiram à Primeira Era, a fé em Corallia e seus filhos cresceu de forma orgânica e caótica. Dezenas de cultos a santos locais e a divindades mais antigas, como a guia celestial Alyfa Uriel e o espírito da natureza Calisto, competiam pela devoção do povo. Para unificar o Império sob uma única doutrina, foi convocada a Concordata Centuriana, um grande conselho teológico também conhecido como o Tratado de Alma.
A Concordata, liderada pela visionária Matriarca Ceres, inicialmente tentou sancionar e regular a adoração da família de Corallia, temendo que o culto a "santos humanos" tão falhos e trágicos pudesse desestabilizar a fé. Contudo, Ceres percebeu uma verdade fundamental: a legitimidade do Império e a devoção do povo estavam inextricavelmente ligadas a esses santos. Suas histórias de dever, sacrifício e até mesmo queda eram muito mais poderosas e relacionáveis para o cidadão comum do que os mitos de divindades abstratas.
Em uma decisão pragmática e genial, Ceres mudou de tática. Em vez de limitar o culto à Família Sagrada, ela o tornou o centro absoluto da nova fé imperial unificada. Para isso, ela fez um sacrifício drástico: o culto a Alyfa Uriel, Calisto e dezenas de outras divindades menores foi formalmente proscrito e absorvido pela doutrina coralista. Ceres sacrificou deuses para preservar santos, pois entendeu que a sobrevivência do Império dependia da história daquela família humana e divina.
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