Período histórico que segue a Segunda Guerra da Queda, de acordo com o calendário dracônico. É assim chamada pelos séculos de destruição, declínio e angustia que foram o epílogo do conflito.

Quando a porção do continente onde existia o reino de Therann foi obliterado, além de extinguir um dos poderosos reinos originais, levou com ele soldados, civis, líderes e heróis de todas as nações envolvidas. O choque inicial trouxe desespero e caos para as regiões que sobraram de Therann e demorou tempo considerável até todos compreenderem o que aconteceu. O desastre que também levou embora o inimigo comum motivou os poderes aliados a formar alianças, ajudarem uns aos outros a reconstruir, e assim foi durante a primeira década pós guerra. O espirito de cooperação não durou muito.   Em um piscar de olhos, governantes se encontram sem soldados para proteger seu povo. Os reinos mais afetados tornaram-se alvo de crimes, saques e investidas de estados rivais. A morte de várias figuras de liderança simultaneamente deixou nações inteiras sem uma estrutura de governo. Influentes casas da nobreza foram extintas, gerando lacunas na estrutura de poder. Incontáveis famílias desapareceram. Reinos ficaram sem trabalhadores. Montanhas ruíram, recursos naturais se foram, rios tiveram seu curso alterado. Sobreviventes sem lar não eram bem vindos em outros reinos, ocupados com problemas internos. Muitos soldados perderam contato com seus comandantes, considerados mortos, e abandonados. Aqueles que não conseguiram voltar para casa vagaram por terras estrangeiras, recorrendo a pilhagem. Certos grupos foram capazes de retornar anos mais tarde, apenas para descobrir que seus lares não existiam mais.   Pior de tudo isso, as forças aliadas aos rhazenkhas não desapareceram totalmente de Samertia. A batalha continuou em pontos isolados; o inimigo foi vencido rapidamente, mas deixou todo o continente em alerta. Muitos monstros foram pegos se infiltrando em terras civilizadas, para terror da população, e causaram certo estrago antes de descobertos. Alguns incidentes dramáticos aconteceram por mera paranoia durante esse período.   Apesar de tudo isso, as nações conseguiram reconstruir. Bordas mudaram mas Samertia retomou o antigo equilíbrio. Alguns reinos, em especial Gamestri e o Império de Thiann, tomaram os territórios que antes eram de Therann. Os impactos mais profundos da Era das Trevas seriam sentidos mais tarde.

Rhazenkahs são os grandes inimigos dos dragões desde eras imemoriais. Quando a Segunda Guerra da Queda começou, os senhores supremos do continente norte se uniram em uma única e formidável horda e partiram rumo Therann. Praticamente todo o exército da Aliança Draconica estava dentro da área afetada pelo cataclisma, e os temíveis dragões foram dizimados tão rapidamente quanto as raças menores. Naquele momento, a soberania incontestada dos dragões de Ghartora terminou.   Apesar de ser uma das espécies mais poderosas do mundo, dragões nunca foram muito numerosos. Sua natureza territorial e longuíssima expectativa de vida não permite. Após a Guerra da Queda, mesmo com a morte de muitos soldados, a maioria humana tornou-se esmagadora se comparada a seus mestres.   A Era das Trevas foi um período de mudanças drásticas em Ghartora. Muitos vassalos das raças menores tiveram que cuidar de si mesmos e gostaram do sabor da liberdade. Populações inteiras juraram lealdade a outros senhores dracônicos, outras formaram seus próprios reinos independentes. Naturalmente territoriais e ambiciosos, os dragões sobreviventes também lutaram uns contra os outros por dominância. Aproveitando-se disso, muitos das raças menores se juntaram em gigantescos exércitos-nação, dispostos a lutar por quem paga melhor. A União Dracônica batalhou por soberania, mas era claro que seria impossível controlar todo o continente como fizeram no passado.   O caos político em Ghartora permanece até hoje, embora um tanto menos sangrento. A União Dracônica é mantida pela influência da Igreja de Ederkran e pelo temor que seus antiquíssimos líderes inspiram, mas seu governo é mais tolerante do que nunca. A postura soberba dos dragões foi substituída por atitudes mais diplomáticas, e isso afetou também sua relação com os reinos de Samertia. Isso não quer dizer que os senhores supremos do norte não tenham poder. Agora, tramas complexas e jogos de influência são as principais armas da União Dracônica para exercer controle, assim como a propagação da fé kranista por todos os cantos do mundo.

A Guerra da Queda aconteceu durante o governo da dinastia Sargonais e foi um baque que surtiu profundos efeitos a longo prazo. Mesmo longe da área de conflito, o reino sofreu com a perda de soldados e a falta de homens deu lugar a instabilidade. Com o medo da ameaça secreta rhazenkah e daquilo que aconteceu com Therann se alastrando, a coroa utilizou o clima de paranoia como ferramenta para recuperar o controle. Assim se desenvolveu a mentalidade ardeniana de aversão á magia, ideologia que virou principal característica do reino pelos anos que viriam.   A corrente de eventos desencadeado pelo desastre no leste levou á unificação de Ardenia (antes uma união com o reino vizinho, Ardaris), revolta e conquista de territórios menores, e complicou ainda mais sua relação delicada com o reino vizinho, Elodia. A política anti magia expulsou conjuradores e ordens religiosas tradicionais do território ardeniano, levou ao estabelecimento da igreja sargoana e ao desenfreado desenvolvimento industrial. Todos esses eventos culminam na Grande Expansão de Ardenia, começada no segundo século da Era das Trevas.