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CAPÍTULO 1 - A LENDA DE DESCARTIA

Pagoda das Almas. Ax de 5.572
Capítulo 1 – A Lenda de Descartia
- O nome dela é Descartia, – começou o Rei Khâr. Cinco jovens atentos lhe observavam diante do trono, acompanhadas pela governanta idosa, Shoshone. – tem a aparência de uma elfa de longos cabelos brancos e vestido feito com as estrelas do céu. Lembro que ela era do tamanho de uma montanha, do tamanho do vulcão Ikaris Dokan. – disse o Rei.
- Mas como ninguém vê ela chegando? Ela pisa nas pessoas? – perguntou Shisui, a adolescente mais velha.
- Não Shisui, ela é invocada. Invocada para cantar. – respondeu o rei.
- Mas quem invocaria uma mulher gigante só para cantar? Isso não faz sentido. O Lébrid certamente cantaria melhor do que ela – contestou a jovem harpista, Katura.
- Ela é uma poderosa cantora, de tamanho gigantesco. Ela surge onde há um coração partido, e a partir dali, possui o corpo da pessoa entristecida. O indivíduo começa a cantar uma canção, que magicamente ganha volume e intensidade. Os ventos sopram, as nuvens escurecem, e em pouco tempo, uma catástrofe acontece. Nada pode impedi-la de surgir depois que sua canção começa. A lenda é conhecida há pelo menos três mil anos, e incontáveis vezes ela apareceu, ocasionando situações que levaram milhares à morte. Avalanches, furacões, erupções, terremotos, maremotos... por onde Descartia cantou, um desastre aconteceu. Todos os reis e rainhas a temem, porque sabem a intensidade de seu poder. – O Rei Khar olhava distante para dentro de suas memórias, enquanto as crianças lhe observavam atentamente, concentradas, imaginando a mitológica entidade.
- Magia de bardo? – Perguntou o jovem soldado Kataka.
- Não, magia de Cavaleiro das Trevas. É pior. – Respondeu Khar com um semblante sério.
- Mas a vovó Yuka conseguiu enfrentá-la! A senhora Shoshone me contou que a vovó Yuka salvou o Reino de Armenincus, e também Akayu, dessa tal mulher gigante! – comentou a jovem instrumentista Katura.
Khâr sorriu.
- Sim, é verdade. A última vez que a vimos, foi no dia em que os Cavaleiros das Trevas tomavam o Reino, há cerca de seis anos atrás. Nossos guerreiros estavam dispersos em missões e havia a Guerra Nova acontecendo. Descartia apareceu no vulcão Ikaris Dokan. – O rei apontou para uma pintura em um pergaminho na parede, onde uma simpática senhora com duas tranças no cabelo aparecia segurando um cajado. Usava uma roupa dourada, e sob sua imagem estava escrito com tinta preta “Yuka, a Guardiã da Paz”. Ele continuou:
- A nossa mais poderosa maga, a senhora Yuka, entrou no vulcão montada no Guardião leão, Férkan, da Coragem, - Continuou Khâr. - Lá ela morreu para impedir a explosão do vulcão, e impediu a invocação da Cavaleira dos Desastres. O que Yuka não conseguiu fazer foi evitar que o espectro descendente de Descartia, uma entidade chamada Incendio, atacasse nossa cidade, na forma de um enorme monstro de fogo. - concluiu o rei.
- Mas então ela falhou? Quer dizer, um monstro de fogo veio atacar a cidade... – questionou o pequeno Shosho, o caçula.
- Nós conseguimos enfrentar um monstro de fogo. Somos um reino praieiro, e o mar é nosso aliado, ele está logo ali. Mas se Descartia fosse invocada, o próprio mar se voltaria contra nós, e cobriria Akayu com sua fúria, e todo nosso povo pereceria. A senhora Yuka fez o que devia fazer e por isso os Guardiões salvaram sua alma, e ela foi elevada como Guardiã da Paz. – conclui Khâr.
- Mas a mulher gigante pode voltar a qualquer momento? – perguntou Shosho – Ela pode surgir aqui em Akayu amanhã?
- Sim. Infelizmente sim. – o Rei Khâr voltou seu olhar para os jovens admitindo a contragosto uma verdade inconveniente. - Mesmo com a barreira mágica criada para nos defender dos Cavaleiros das Trevas, ela é ainda mais poderosa que isso. Pode surgir a partir de qualquer coração, quebrado por uma decepção amorosa. Não sabemos onde ela está agora, porque depois dos desastres, ela some, e vai para onde ninguém sabe. Leva alguns anos para ela reaparecer, pois acreditam que ela usa muita energia mágica e precisa descansar.
- E o que vamos fazer? – Perguntou Kataka – Não podemos simplesmente esperar ela aparecer, começar a cantar e destruir Akayu ou qualquer outra cidade do reino! – o jovem parecia impaciente e agitado – Temos que fazer alguma coisa, temos que achar um jeito de destruí-la para sempre!
- Não é tão fácil quanto parece. Cavaleiros das Trevas são imortais, a única maneira de detê-los é selando-os magicamente. Contudo, a Cavaleira Descartia é especialmente forte neste quesito: depois da catástrofe ela mesma se sela em sua dimensão mágica, e desaparece. Apenas seus servos monstruosos, os decars, ficam no nosso mundo, coletando almas para alimentá-la e fortalece-la, catalisando deste modo seu retorno. – o monarca explicou. Enquanto falava, ele parecia rememorar tristes lembranças, e seu olhar e voz foram ficando trêmulos e compadecidos.
- Enfim. Eu tenho uma ideia, que já tenho discutido com outros reis e amigos em outros Mundos. Não se preocupem jovens, por enquanto, estamos a salvo. – disse Khâr com um sorriso. – Hoje a noite receberemos aliados de vários reinos, que vão se juntar a uma expedição para descobrir como selar Descartia para sempre. Se tudo der certo, vamos bani-la de vez, sem chances de novos aparecimentos. Agora vão se arrumar, porque devemos receber bem os convidados como ótimos anfitriões que somos, pelo bem do povo yudano.
- Sim, majestade. – responderam em tom uníssono os cinco jovens. Cada um foi cuidar de seus afazeres, deixando o Rei Khâr e a governanta Shoshone sozinhos na Sala do Trono Yudano. Depois que os jovens saíram, a governanta puxou assunto com o monarca.
- Tem certeza que isso é uma boa ideia? Chamar gente de fora para cá, e ainda gente do nível... daqueles anões de Armenincus, que por anos foram nossos inimigos...
- O antigo Rei Koga teve erros e acertos Shoshone. Nossos cinco prodígios são um exemplo disso. Mas temos que dar continuidade à Reforma política iniciada pelo meu antecessor, o Rei panda Hvid. Somente com a união de nossos aliados, nós poderemos eliminar uma ameaça do tamanho de Descartia. Todos sabem um pouco sobre ela, e juntos saberemos mais. – explicou Khâr. Ele levantou se espreguiçando. – Agora vou descansar um pouco, antes da reunião do jantar. Será uma noite importante para as gerações futuras.
Enquanto o rei se dirigia para as escadas, Shoshone passava um esfregão úmido no salão.
- Se você diz, eu acredito majestade – disse a contragosto a implicante governanta – Só não sei como fazer para alimentar tanta gente... devem ser uns mimados aqueles armenincanos...- resmungou.
- Não se preocupe Shoshone, teremos a ajuda da Baa-chan. – disse o Rei sorrindo, e se foi para seus aposentos.
O sol estava se pondo quando Baa-chan, uma mulher de meia idade, chegou à porta da Pagoda das Almas seguida por dois jovens, que carregavam uma imensa panela cheia de uma sopa de macarrão. A senhora Shoshone a recebeu, e logo as duas estavam na cozinha do palacete, conversando sobre as memórias e lembranças que tinham de sua infância juntas. O jantar seria uma grande variedade de macarronadas e sopas, pois Baa-chan tinha um restaurante na mesma rua da Pagoda, e era uma bem sucedida comerciante no ramo das massas. Depois de algumas horas, o aroma dos temperos era sentido por todos os ambientes do prédio, e os cinco pupilos já estavam prontos, com as melhores roupas de seda e trajes dourados e vermelhos, as cores da bandeira de Yudá. Os jovens arrumaram o salão para a cerimônia, criando uma grande mesa circular e central. Estenderam tapetes onde se sentariam os convidados, e distribuíram belas almofadas com estampas de dragões orientais, e cores douradas. Dez lugares para dez convidados, e mais seis lugares para os membros da realeza.
A jovem empregada Ika ajudava nos preparativos. A pedido do rei, ela mesma enviara mensagens aos vários reinos aliados do povo de Yudá, mas apenas alguns responderam ao chamado. Todos os reinos menores do Grande Reino Magno ainda se recuperavam de uma grande guerra ocorrida há pouco mais de meia dúzia de anos, e nem todos poderiam enviar representantes para a reunião. Mesmo assim, os yudanos mantiveram o jantar conforme o planejado, pois precisavam de resoluções para lidar com o perigo eminente da Cavaleira dos Desastres.
- Vamos contar – começou Ika, falando à Shoshone - Um lugar para o rei, e seis lugares para os pupilos. Dois lugares para os representantes do Reino dos Anões de Armenincus, do lado esquerdo do trono. Um lugar para o representante do Reino de Khort, bem ao lado direito. Um lugar para um representante do Monastério dos Dragões, bem aqui. Um lugar para a representante do Mar do Lótus de Jade, aqui também. Um lugar para o senhor County, o burguês. Um lugar para a sra. Baa-chan, e outro para a sra. Shoshone. Um assento para o general Khân, e um assento para a srta. capitã pirata Carmelitta. Agora sim, tudo está pronto para começar. – concluiu a empregada.

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