Panteão Menor
O reinado dos céus
O reinado dos céus
Depois de da criação de Galatea, nas eras onde essa ainda era uma terra jovem e a ser descoberta por seus habitantes, os quatro grandes Deuses criadores tomavam formas humanoides para andar livremente entre os povos e tentar ver pelos olhos de suas criações o mundo que haviam dado vida. Eles puderam experimentar sentimentos, ter romances e até mesmo batalhas. Porém, suas formas humanóides não podiam conter seus imensuráveis poderes e não podiam manter estas formas por muito tempo, o que os fazia permanecer centenas de anos sem poder andar entre os povos novamente.
Fruto dessas romances que ocorriam, nasciam seres mestiços, que teriam papéis importantes na história de Galatea e que um dia formariam o reinado dos céus, ao ascenderam a divindade. Cada um deles tem feitos marcantes e se tornaram divindades cultuadas por todas as terras, não como os maiores e patronos dos reinos em si, mas como entidades representantes de elementos da Natureza. Os quatro soberanos criaram um reino celeste, para que esses novos e menores deuses pudessem habitar e cuidar de Galatea de uma maneira mais próxima do que eles jamais poderiam.
Reindal “O Senhor das Florestas”
Logo na primeira era de Galatea, em uma das primeiras vezes que os deuses soberanos foram a terra, Autarion se apaixonou pelas elfas. Sua criação era simplesmente perfeita a seus olhos e agora em carne e osso ele estava a mercê da atração e luxúria. De seu repentino caso de amor com uma elfa, nasceram dois irmão gêmeos, Reindal e Abaddon. Ambos nasceram com características diferentes, quebrando a perfeição pelo qual Autarion tanto se orgulhava, fazendo com que ele nem ao menos os reconhecesse ou auxiliasse em suas vidas.
Reindal nasceu com a pele mais arroxeada, com galhadas em sua cabeça e com a parte inferior de seu corpo animalesca como a de um cervo. De sua nascença semi divina, ele se mostrou detentor de grande manipulação e ligação com as forças da natureza. Mesmo que os elfos desde sempre apreciem a perfeição de seu povo, pelas habilidades de Reindal e seu irmão, eles os aceitavam em sua comunidade.
Ele se tornou um valioso guerreiro, ganhou destaque como protetor de Werion na primeira grande guerra entre Werion e as Terras selvagens. Ficou conhecido por suas habilidades mágicas de transmutar o próprio corpo em formas animais, por controlar bestas no meio das batalhas e foi referido como o primeiro Druida existente em Galatea, recebendo o título de Reindal “A força de Werion”.
Por conta de suas façanhas, ele ganhou grande respeito de seu povo élfico. Foi ordenado primeiramente como um dos conselheiros da raça e futuramente como um de seus primeiros monarcas. Liderou os elfos em uma era de prosperidade e veio a conquistar Farenon para o domínio élfico. Diversas foram as investidas, mas ele sempre impedia que os orcs passassem de Farenon, estabelecendo ali sua moradia, fora de sua terra natal.
Reindal reinou ali por mais de um século, como protetor dos elfos, permitindo que em Werion precisassem apenas cuidar de sua outra fronteira. Com mais de 200 anos de vida, ele exaltava uma sabedoria que poucos um dia alcançarão. Elfos de toda Werion peregrinavam para conhecê-lo, em busca de iluminação em sua visão. Nessa época que ele era reconhecido como Reindal “O Sábio”.
Quando parecia que estava prestes a chegar ao fim de sua vida, por conta do que ocorrera com seu irmão, sua corrupção para a magia negra, Reindal sofre o mesmo preconceito dos elfos, que não os olhavam mais como iguais, mas sim como abominações, assim como as demais raças de Galatea. Nessa época os elfos tornaram seu orgulho grande como nenhum outro e ficaram totalmente hostis contra as demais raças.
Eles bloquearam a fronteira entre Farenon e Werion, largando ele e os elfos que ainda eram fiéis a Reindal isolados de sua Terra Natal e a mercê das investidas dos orcs. Sem os exércitos de Werion, a defesa de Farenon ficaram enfraquecidas e Reindal via as florestas queimarem e se reduzirem as cinzas. A tristeza assolava seu coração e no fim de sua vida ele orou para Autarion, apesar de ser extremamente poderoso, seus tempos de glória e maior potencial já haviam passado, conforme sua idade avançou. Então ele clamava pela ajuda de Autarion, para que lhe concedesse sua benção e lhe concedesse poder para proteger a natureza, suas florestas. Autarion que sempre acompanhava a história dos elfos, reconhecia a injustiça que caíra perante seu filho, que nenhum mal havia causado contra criatura alguma da natureza ou mesmo os elfos. O deus tomou do interior do vulcão dos vales dos dragão uma parcela bruta de pura energia cósmica e a concedeu para Reindal. Ao recebê-la, seu corpo mudou, sua energia transbordou e não mais ele era afetado pelos castigos do tempo. Aquele foi o nascimento e ascensão do primeiro dos deuses do panteão menor, Reindal “O Senhor das Florestas”.
Renascido como uma divindade, seus poderes despertaram a níveis imensos. Ele convocou todos os animais de Farenon no local que hoje é conhecido como Lago Fae e lá derramou seu sangue embebido de poder. Todos os animais que optaram por beber de sua água se transformaram, evoluíram instantaneamente para formas humanóides e poderosas. Essa nova raça viria a ser conhecida como os Ferais e a eles foi atribuído o dever de proteger a natureza e Farenon “O berço dos ferais”. Com essa nova força natural, Reindal conseguiu proteger as florestas e expulsar os orcs do território por muitos anos. Deixando o novo reino sob os cuidados de Gaia e Barbárvore, que iriam fundar o conselho dos anciões e protegem Farenon por muitas eras, até os tempos atuais, tornando o lugar um recanto para a fauna mais diversa de todas e um lar para inúmeras criaturas mágicas, um lugar único e mágico. Então, se mudou para o reino dos céus, que havia sido criado para os novos deuses que estavam surgindo, depois de sua primeira ascensão.
Abaddon “O Descendido”
Abaddon, o segundo dos irmãos gêmeos filhos de Autarion. Diferente de Reindal ele não difere tanto da aparência dos elfos, salvo pelo tom de sua pele meio acinzentado e as marcas rúnicas espalhadas por seu corpo, de nascença. Assim como seu irmão, nasceu com capacidades únicas, ele podia manipular energia a sua vontade em seu corpo, lhe garantindo habilidades físicas extremas e admirável ligação com a magia, muitas vezes conseguindo copiá-las apenas as vendo uma vez. Teve grandes feitos heróicos e quando utilizava energia suas marcas rúnicas, cabelos e olhos brilhavam intensamente com uma luz amarelada, lhe conferindo o título de Abaddon “O iluminado”.
Quando Reindal foi indicado como conselheiro e protetor de Farenon, Abaddon também o foi, porém tendo seu posto em Werion e sendo a última linha de defesa quando necessário. Reindal começou a se destacar pela guerra contra os orcs, mesmo quando Abaddon se juntava as batalhas vez ou outra, seu posto não lhe permitia que o fizesse sempre. Ele acabou despertando inveja quanto a Reindal, querendo ser reconhecido, ansiando por mais ação, diferente do irmão, sempre fora mais impulsivo e prático, para trabalhar como burocrata. Em um primeiro momento ele driblava esses sentimentos com mulheres, bebidas e grandes festanças em Werion. Mas isso não era suficiente e atormentado por aqueles sentimentos ele buscou refúgio em seus treinamentos mágicos. Tamanho era seu talento que talvez fosse o mago mais forte de todas as eras, tecendo ele mesmo a árvore de talentos mágicos existente atualmente. O primeiro usuário de magia negra, necromancia e futuramente de demonologia. Ele fez experimentos com os vivos, levantou os mortos para lutarem pelos exércitos élficos, mas para quê?! Reindal já havia dominado a principal fronteira de guerra.
Foi então que ele começou a usar de seus poderes e posto de conselheiro, para criar uma segunda guerra. Lançou tormentas mágicas, pragas e mortos-vivos sobre o reino dos humanos, que não demorou muito para retalhar de volta. Dentre os elfos, nessa época em que colocou Werion numa segunda frente de guerra que o chamaram de Abaddon “O louco”. Porém, enquanto ele conseguia lidar com aquilo, até mesmo avançando sua fronteira por dentre o reino dos humanos, não o retiraram de sua posição. Estavam ganhando e no fim não parecia algo tão ruim.
Mas aquilo não durou muito tempo, nas batalhas seguintes surgiu uma heroína do reino dos humanos, uma meia-elfa que havia sido mandada para viver com sua mãe humana anos antes de essa guerra emergir, chamada Luna e considerada uma campeã do reino dos humanos. Ela e seu pelotão de guerreiras, não só recuperaram os territórios humanos e causaram grandes baixas entre os elfos, como numa noite demonstrando seu grande poder, empurraram suas conquistas para dentro das fronteiras de Werion. Enfurecido com o que estava acontecendo e com a desconfiança dos elfos perante ele que crescia, Abaddon colocou seus novos dotes mágicos em ação, utilizando da magia negra em campo de batalha. Ele erguia os caídos para continuar lutando, sugava energia vital de seus arredores para castar magias poderosíssimas, mas foi surpreendido que conforme as batalhas duravam até o anoitecer, os poderes de Luna pareciam aumentar e ambos os lados acabavam ficando empatados, combatia Luna diretamente, mas nenhum dos dois parecia ceder.
Ele abusava da magia negra, ao ponto que suas próprias feições mudavam. Ele já não brilhava uma luz clara e límpida por suas runas, mas sim uma esverdeada, carregada de maldade. Relatos de que em alguns momentos ele até mesmo despertava chifres nas batalhas começaram a surgir e nessa época foi lhe dado o nome de Abaddon “O corrompido”.
Não importava o quando ele fizesse aquilo, o exército dos humanos não recuava, apenas não conseguia avançar. Os elfos ficavam cada vez mais furiosos com as decisões de Abaddon e para remediar isso, ele acabou pagando um preço muito mais alto que podia imaginar. Ele sacrificou seus olhos, mutou seu corpo e corrompeu sua própria alma, ao ponto que para se viver agora ele precisava consumir a própria energia vital que ele usava em suas magias negras, mas não simples assim, precisava pelo menos uma vez por semana consumir uma alma humanoide. Esse foi o surgimento do primeiro dos demônios. Ele ficou extremamente poderoso, porém não sugava apenas as almas dos humanos em batalha, como também de seus próprios companheiros elfos quando precisava, ele só queria mais poder para derrotar Luna. Conseguiu expulsar os humanos de Werion e quando retornou e pensou que seria recebido com gratidão, os elfos não mais possuíam simpatia com ele, mas sim medo e desprezo, não importava onde ia, parecia que carregava consigo algum tipo de aura que fazia brotar o pior daqueles à sua volta. O chamavam de Abaddon “O primeiro demônio” e não ousavam ficar perto dele.
A revolta dos elfos veio nos anos seguintes, Reindal sofria com isso, sendo exilado em Farenon sem auxílio dos exércitos élficos. Abaddon fora exilado para o vale dos dragões, onde sua ira apenas o consumia. Ele em um momento de lucidez, viajou para Farenon, estava disposto a se redimir com Reindal e lhe ajudar naquele momento difícil. Porém quando chegou lá, Reindal não era mais o mesmo. Uma raça nova formava seu exército, animalescos e ferozes, já haviam feito os orcs recuarem. Testemunhando o grande poder de Reindal “O senhor das florestas”, num patamar que ele jamais havia sonhado ser possível, Abaddon se manteve escondido e retornou ao vale dos dragões novamente com inveja borbulhando em seu coração. A energia que havia sentido em seu irmão era algo que ficou marcado em sua mente… ele a queria… ele não podia ficar para trás… ele almejava poder para fazer com que todos pagassem. Passou as décadas seguintes no vale dos dragões procurando por aquilo, vez ou outra se disfarçava e perambulava pelos reinos, ouvindo relatos de novos deuses ascendidos e acabava ficando inflamado com tudo aquilo.
Até que um dia ele se deparou com um dragão tão grande quanto uma pequena montanha, enxergou dentro da alma daquela criatura a mesma energia que sentiu em Reindal, imaginou que os dragões, criaturas que existiam antes mesmo dos deuses soberanos chegarem a Galatea, haviam nascido daquela fonte de poder. Não se conteve, atacou a criatura e ambos lutaram por horas. Por dias. Por semanas. Ele já não tinha mais noção do tempo que se passava, até que conseguiu nos momentos próximos a sua própria derrota, acertar o golpe de misericórdia no dragão. Exausto, de joelhos ao lado do corpo descomunal daquela besta, ele viu aquela energia. Devorou o corpo da besta, alcançou sua alma e a consumiu, sentiu seu ser inundar com aquele poder, seu corpo se adaptar aquela nova energia que era corrompida ao se fundir a sua própria alma e ao recobrar seus sentidos, estava em uma nova forma, como um dragão como o que matara, sendo essa a razão dos demônios terem traços parecidos com dragões, como suas asas por exemplo. Esse era Abaddon ascendido a um deus, Abaddon “O senhor da calamidade”.
Por onde passava deixava um rastro de destruição em seu caminho, rumando a procura do reino dos céus. Ao encontrar, viu Reindal e por um momento suas memórias da infância, do sentimento fraterno, o fizeram se acalmar e se aproximar dele. Porém ao ver nos olhos do irmão o espanto pelo que havia se transformado, não conseguiu conter sua raiva e o atacou ferozmente. A batalha deles fez o reino dos céus reverberar, os sons e poder de ambos faziam tormentas surgirem em Galatea. Mas Reindal não era o único dos deuses lá e ao lado de seus companheiros, eles derrotaram Abaddon e o acorrentaram ainda ferido em um calabouço. Tomado pela culpa, pelo ódio, pela tristeza e insatisfação. Atormentado pelas próprias memórias, condenado a revivê-las e refletir o por que havia acabado ali. Abaddon chorava, urrava de dor em suas lamúrias. Uma das deusas recém ascendidas o reconheceu, teve seu coração tomado pela compaixão e se lembrou das memoráveis batalhas que havia tido contra ele e não podia o deixar daquela maneira.
Mesmo sabendo da retaliação que receberia, das punições que poderiam vir, ela o libertou e tratou de suas feridas. Abaddon não podia lembrar quando alguém havia estado de seu lado aquela maneira, a pureza de Luna alcançara seu coração frio como pedra e se apaixonou pela deusa.
Ambos fugiram juntos, mas não tiveram um momento onde pudesse ficar em paz. Foram caçados, por onde passavam eram perseguidos e ficava cada vez mais claro que não havia como fugir para sempre. Abaddon então, realizou o que poderia vir a ser seu último gesto bondoso. Ele enfeitiçou Luna, para deixá-la inconsciente e deixou que os achassem, lutando contra seus perseguidores como se estivesse mantendo Luna como refém e no meio da batalha acabou sendo novamente capturado.
Reindal não o podia manter aprisionado ali mais, como também não podia o libertar em lugar algum. Pedindo auxílio dos deuses soberanos, os convenceu a criar outro lugar com o propósito de o manter trancafiado onde não pudesse enganar a mais ninguém. Assim surgiu o submundo, o local que é dividido como recanto para os justos e os sete infernos para os condenados, sendo que Abaddon foi aprisionado em seu canto mais escuro, mais profundo e frio, aceitando sua punição com tanto que Luna permanecesse a salvo. Lá permaneceu por centenas de anos, até descobrir que ela também havia sido banida dos reinos dos céus, por não ser mais digna de estar entre eles, tendo se deixado enganar por Abaddon. Tomado pela fúria, ele se libertou de seu cárcere no sétimo inferno. Criou hordas de demônios e meio demônios a sua imagem e personificações dos maiores temores dos vivos. Dominou os sete infernos, os estabelecendo como seu reinado, mas não conseguiu ir além. Ele sempre que tentava o fazer era impedido pela aliança de deuses e assim fez com que seus demônios, sempre que conseguissem fugissem para Galatea. Os ordenou a se proliferar lá e encontrar Luna. Ele queria estender seus poderes, para que um dia se libertasse e pudesse trazer vingança contra o reino dos céus e procurar sua amada. Esse é Abaddon “O Descendido” ou Abaddon “O senhor dos infernos”.
Luna “A luz da noite”
Da junção de uma elfa com um humano, antes de Abaddon sucumbir ao caminho da magia negra, antes de os elfos abominarem qualquer outra espécie, como barbárias, nasceu Luna. Ela cresceu com os humanos, criada por seu pai, uma vez que sua mãe se juntara a frente de Farenon contra a investida dos orcs. Sendo seu pai um oficial do exército dos humanos, ela cresceu nesse meio, se mostrando sempre resiliente e trazendo as forças de ambas as raças consigo. Era extremamente ágil e cheia de graça, ao mesmo tempo que era adaptável a qualquer coisa e uma guerreira feroz de ímpeto inabalável. Além disso, a moça tinha uma ligação com um dos astros no céu, como ninguém outrora tivera, a lua. Despertava poderes incríveis quando o astro aparecia nos céus, fazendo com que sua magia lunar fosse reconhecida e rapidamente ela subia os escalões da cadeia de comando do exército.
Em diversas batalhas ela teve destaque, sendo elas árduas seja frente os anões ou até mesmo contra as criaturas que outrora transbordavam do Vale dos Dragões, ela sempre prevalecia em batalha. Após derrotar uma enorme worgen que assolava os cidadãos de onde hoje se chama Corona, ela acabou por adotar sua cria, dois filhotes de lobos gigantes a quem chamou de WhiteFang (“Canino Branco”) e NightShadow (“Sombra da noite”). Quando Abaddon causou a guerra entre humanos e elfos, teve um papel de destaque em segurar a primeira e pior das investidas élficas contra o reino dos humanos, derrotando incontáveis soldados élficos com seus mascotes a seu lado. Nessa época ficou conhecida como, Luna “A Campeã dos Humanos”.
A guerra durou anos e guiada pela necessidade de proteger os humanos e ao mesmo tempo a angústia de enfrentar os elfos, a fizeram buscar mais força e poder, a fizeram treinar incessantemente, ao ponto de poder investir contra os elfos, os fazendo recuar de volta para as terras de Werion. Porém, o comando dos humanos vendo que tinham força para o tal, se deixaram levar pela ganância e continuaram a avançar contra os elfos. Foi nessa época que ela enfrentou de frente Abaddon, o admirando como oponente por sua tremenda força e ferocidade. Nenhum conseguia a vitória, não importava o que fizessem, deixando ambos lados empatados.
Com um desses titãs de cada lado, a guerra perdurou por um grande período, vindo Luna a ser conhecida como, Luna “A imperatriz Lunar”, uma vez que enquanto Abaddon e os elfos empurravam as fileiras humanas durante o dia, ao cair da noite e alvorecer da lua, Luna demonstrava tremendo poder e os humanos retomavam o espaço perdido. Aquilo parecia interminável, até que Luna resolveu se recusar em continuar a investida contra os elfos e desertou do exército dos humanos.
Foi nessa época que Abaddon ressurgiu como o primeiro demônio e expulsou os humanos dos territórios élficos e depois foi expulso por seu próprio povo. Luna começou a ser caçada pelos humanos, que agora a consideravam traidora e alegavam que ela havia ajudado os elfos. Ela então fugiu para Werion, onde não fora tão bem acolhida por um tempo, mas com o passar dos anos e a diminuição da tensão entre as duas raças, ela se demonstrou de grande ajuda para os elfos na reconstrução de seu território e na reorganização de tudo, agora que não mais tinham Abaddon e Reindal. Com seus poderes lunares ela curava pessoas, ajudava a estabelecer uma conexão sem igual entre os elfos e a natureza, que outrora não existia.
Porém seu coração ainda estava dividido entre ambas raças, por mais que tentasse se estabelecer em sua nova casa, já não tinha contato com sua mãe banida em Farenom, ou seu pai que estava ao lado dos humanos. Assim se devotou ao máximo em trazer bondade e perseverança aos corações dos elfos, amargurados por todo o conflito que vivenciavam e contaminados pela desconfiança causada por Abaddon. Ela lutou tanto para que a pureza recaísse sobre os elfos novamente, que durante algumas das revoltas internas que ocorriam, ela se tornou uma mártir ao proteger elfos que apoiavam Reindal, mas que não quiseram deixar sua terra natal. Ela foi fatalmente ferida e pereceu ainda de pé, com espada lunar em riste, ao ponto de morrer naquela posição.
Quando Reindal ficou sabendo, orou para Autarion para que a ajudasse, dizendo que ela representava a verdadeira essência élfica, de pureza e perfeição. Aos olhos do deus soberano, ela realmente era tão bela que seria uma perda para o mundo que se fosse daquela forma. Uma de suas lágrimas caiu sobre seu corpo, ainda imóvel e de pé, no mesmo lugar daquele fatídico dia, imponente e feroz como a própria mãe natureza, ao mesmo tempo que bela e delicada. A lágrima de Autarion a envolveu, fez seu coração voltar a bater, fez com que ela se tornasse a imagem de uma elfa completa, mas reluzente como a própria lua, frente aos olhos de toda Werion ela ascendia ao céu, cortando a noite com sua luz prateada. Luna “A Luz da noite”, foi chamada e servia como marco de adoração e excelência, que servia para lembrar da verdadeira essência élfica de pureza e beleza.
Subiu a sua nova morada no reino dos céus, ao lado de Reindal e outros novos deuses, ela foi a primeira mortal sem nenhuma ligação direta com os deuses a ascender ao panteão menor. Ajudou na captura de Abaddon, acreditando que poderia fazer ele voltar ao que era na época em que o admirava e ficou aterrorizada com a situação em que ele se encontrava quando fora preso. Trancafiado e largado para apodrecer ao tempo. Ela não podia ver aquele tipo de coisa novamente e esperançosa de que poderia tocar-lhe a alma e fazê-lo enxergar a bondade dentro de si, o libertou e ambos fugiram. Um romance floresceu com ambos e ela realmente fazia com que Abaddon se tornasse cada vez mais benigno como outrora. Mas a caçada dos deuses a eles era incessante e perigosa, fazendo com que Abaddon se sacrificasse em prol da segurança da amada.
Ao despertar, Luna estava de volta ao reino dos céus trancafiada em seu quarto. Fora convocada e julgada pelos deuses, apesar de Abaddon afirmar que a manteve como refém, o crime por tê-lo libertado e se deixado ludibriar por tal cria do mal, não podia ser tolerado. A expulsaram de seu reinado no céu e a tornaram habitante de sua amada lua, apenas ela e seus dois lobos gigantes habitavam lá e diziam que durante as noites, era possível vê-los brincando ao olhar diretamente para a lua. O que não sabiam é que do romance de Abaddon e Luna, ela havia engravidado e na lua deu a luz a sete gêmeos. Como eram mortais, eles não podiam habitar a lua com sua mãe, tampouco saber quem era seu pai e assim ela os enviou para um templo de Werion. Os elfos os acolheram como uma certa forma de nobreza, os tratando de maneira especial por descenderem diretamente de Luna e possuírem algo em especial, algo chamado Night Blood ou Sangue da noite. Seu sangue era negro e eles não sofriam os efeitos da magia negra ao utilizá-la, os tornando extremamente poderosos e confiáveis. Eras se passaram e os descendentes dos sete filhos de Luna se difundiram entre todos os elfos, porém diferente do que se esperava os Night Bloods não foram hereditários, sendo que apenas poucos escolhidos nasciam com tal benção, entregue por Luna para que não houvesse mais nenhum elfo como Abaddon a sucumbir para o lado negro da magia.
Thorn “O Vulcano”
Os anões são como a rocha, resistentes, brutos, teimosos e difíceis de se moldar a baixas temperaturas. Após sua criação, eles eram uma raça mais fria, difícil de aceitar o diferente, o forasteiro. Thorn foi um dos primeiros mestiços dessa raça, da união de uma anã com um feral bode.A união desse casal veio do amor pela forja, ambos muito habilidosos por anos foram rivais na produção dos equipamentos e ferramentas para os anões, principalmente por armarem as tropas contra as investidas das Terras Selvagens. Porém, em algum momento, provavelmente entre uma taça de hidromel e outra, nas festividades dos grandes salões de Trojin’han, que eles passaram de forjas rivais, para um única forja símbolo da excelência ferreira dos anões na época.
Fruto dessa união, nasceu Thorn, um mestiço anão-feral bode. Sua pele desde o momento de seu parto, teve a tonalidade das rochas da montanha, chifres proeminentes saltavam de sua testa e no lugar de pés, ele tinha cascos. Cresceu sem muitos amigos, por conta do preconceito que sofria, em verdade só era permitida sua estadia em Wardem, por conta do renome de seus pais. Assim ele cresceu um tanto rabugento, tendo como único objetivo e divertimento a arte que aprendia de ambos seus pais. De sua mãe aprendia a arte mais focada no artesão, nos belos e robustos formatos típicos do anões, enquanto que de seu pai, aprendia mais o domínio da fornalha e dos materiais. Conforme o tempo passava, ele ia demonstrando talento sem igual como ferreiro, ao ponto que ao alcançar a idade adulta, já tinha renome como Thorn “O Artesão”.
Não demorou muito e os anões estavam armados até os dentes, sendo que todo anão e toda anã, sabiam se virar num campo de batalha e portavam os equipamentos e armas feitos na forja de Thorn e seus pais. Nessa época, o atual rei anão orquestrou a “Investida baixa”, uma campanha de expansão do território anão, afinal, se as outras raças estavam tentando fazer aquilo, por que os filhos da montanha ficariam de fora?! Os pais do jovem ferreiro o deixaram tomando conta dos negócios da forja e foram atrás das glórias dos campos de batalha, querendo fazer com que seus inimigos sentissem o gosto de suas criações. A investida baixa foi a causadora da grande guerra dos 100 anos, em que todos os reinos entraram em guerra com seus vizinhos. Na mesma época em que Reindal lutava em Farenon, ainda invadida pelos orcs, os Anões avançavam sobre os territórios dos humanos, conquistando o que viria a ser BlackGate e Belvedere nos tempos atuais.
Ao perceberem a diminuição das tropas na divisa com as terras selvagens e sofrendo para avançar contra as hordas de Reindal, os orcs realizaram uma imensa investida contra os anões, numa batalha sangrenta que ceifou a vida de milhares de ambos lados, dentre eles, os pais de Thorn. A morte deles o afetou profundamente, o fazendo forjar sem parar e se aperfeiçoar a tal ponto, que viria a ser chamado de Thorn “O mestre ferreiro”.Talvez o fizesse por não saber lidar com o luto, por se sentir sozinho, mas o fato é que ele se tornava um com as fornalhas e assim como o que produzia, ele começava a se tornar uma arma viva para combater os malditos orcs que levaram as vidas de seus pais.
Foram longos anos de guerra árdua, contra duas frontes, ao ponto de décadas se passarem. Thorn já não tinha tanto contato e nem muita ligação com os anões, ele apenas se focava em entregar os equipamentos demandados e em seu tempo livre habitar os campos de combate. O ferreiro mestiço começou a ganhar fama, tremendo era seu poder em batalha e de suas criações, ele desenvolveu algo extremamente poderoso e valioso até os tempos atuais, a forja rúnica. Ao abraçar a magia profundamente e aplicá-la a seus conhecimentos de ofício, ele foi o primeiro ferreiro rúnico a existir, quebrando o equilíbrio de poder em diversas batalhas. Thorn começou a liderar tropas anãs, contra a frente órquica, tomando territórios das Terras Selvagens, como nunca havia acontecido antes. Se estabeleceram em um lugar rico em minérios, antes chamado de monte Ferrabrasa, onde evitavam que incursões órquicas voltassem a avançar contra Warden. Ali permaneceu, até que a guerra dos 100 anos começava a chegar ao fim. Os humanos e os anões, começaram a estabelecer tratados de paz e os primórdios do comércio entre as terras se
dava início. Porém, para Thorn, aquilo estava longe de terminar. Ele se recusava abrir mão de suas conquistas e juntou um número de anões que compartilhavam desse sentimento e se instalou ali nas Terras Selvagens, continuando sua luta contra os Orcs. Tendo sucesso por um bom tempo, mesmo sem o auxílio das tropas de Warden, ele acabou por ficar conhecido como Thorn “O ferreiro rúnico”.
Mas para sua infelicidade, não demorou tanto tempo para que levasse o contragolpe. Ficar incessantemente em guerra, batalhas diárias, sem o apoio numérico ou de recursos de sua terra natal, acabaram esgotando ele e suas tropas. Nessa época que ele resolveu começar a construção de uma solução para o problema. Trabalhou incessantemente. Dia e noite. Treinou mais ferreiros rúnicos para o auxiliarem, até que uma construção tão imponente que venceria os efeitos do tempo, começou a tomar forma. A Citadela Ferrabrasa. Confinado em seu forte, já não pertencia mais aos anões, tampouco aos orcs, que retomarem a passagem para atacar Wardem.
O único jeito de combater a loucura que achou, foi voltar a focar no que aprendera de seus pais. Thorn agora parecia alucinado, não fazia mais nada além de forjar. Forjava para os anões. Forjava para os Orcs. Forjava para piratas. Forjava para as novas raças que começavam a ocupar aquelas terras. Ele mal via o tempo passar, seus colegas ruírem, até que se tornou como uma máquina de produção ali em seu castelo de solitude. Esse era Thorn “Ferrabrasa”, quase que se tornando um com as fornalhas que havia construído no lugar.
Sem saber, ele cada vez que mergulhava nas terras escaldantes, no próprio magma das terras de Ferrabrasa, ele absorvia uma energia que não era dele. Aos poucos se tornava tão poderoso, forjava armas e equipamentos dos mais fortes de todos os tempos. Estes que se espalham por essas terras ainda hoje, foram criados nesse período de transição. Sua própria existência começou a chamar a atenção de criaturas ao qual ele começava a se assemelhar.Reindal e mais algumas deidades reconheciam seu potencial e por mais que tenha sido difícil, conseguiram convencer Thorn de que seu lugar já não era ali, entre os mortais. Ele já não era mais alguém que seria afetado pelo tempo, não mais moldaria apenas itens comuns, ele agora moldaria os próprios rumos das terras com suas mãos calejadas pelo ofício. As correntes que prendem Abaddon no submundo foram criadas por Thorn. Armas com poderes divinos e grande parte do próprio reino dos céus são seus feitos. Ascendido e agora em companhia daqueles que o consideravam como igual, ele se tornou o deus ascendido Thorn “Vulcano”, o ferreiro lendário e o patrono dos forjadores.
Maia “O arauto da luz”
Esses quatro se mantém em plenitude entre o panteão menor, desde os tempos de sua ascensão, mas outros numerosos deuses ascenderam e não conseguiram manter suas posições com o passar das eras. Morreram, voltaram a ser mortais, foram comidos por dragões anciões, fosse por conflitos entre si ou algum outro fator, muitos surgiram e muitos pereceram. Nem todos tiveram histórias tão significativas para essas terras como os demais, mas outros possuem papéis importantes até os dias atuais. Maia era uma órfã, cresceu em meio à pobreza que recaiu sobre o reino dos humanos nos tempos de guerra, enquanto os recursos serviam para manter os nobres e seus exércitos. Os menos favorecidos e com papéis menos “significativos” para época, só sobravam as migalhas e a vida mais simples.
Porém, nada de simples se passava ao redor da garota conforme crescia. Primeiro pelo fato de parecer que todos os animais se sentiam atraídos e confortáveis a seu redor, eles se proliferavam mais e mais, como se estivessem em tempos de primavera constante. Em sua adolescência, ela começou a atrair olhares apaixonados e outras vezes até mesmo cobiçosos. Ela exalava algum tipo de aura que atraia aqueles à sua volta, sem nem ao menos se dar conta disso. Ninguém sabia o motivo daquilo, ela procurou com as madres que tomavam conta do orfanato, saber sua origem, para apenas descobrir que apenas havia sido encontrada em uma clareira por um caçador, que contava como os animais a protegiam ao passo que ele se aproximava.
Em algum momento, ela começou a se aproveitar desse seu charme sobrenatural para conseguir favores e regalias, mesmo que não se entregasse de verdade no fim das contas. Algo que feriu o ego de um nobre de índole duvidosa e maldosa. Ele orquestrou seu sequestro e aprisionamento. Procuravam por ela, mas não havia sinal de Maia, ela simplesmente havia desaparecido. Em seu cárcere, ela sofreu os piores males que podem ser infligidos a uma pessoa. Abusada. Torturada. Os grilhões que a prendiam, já pareciam fazer parte de seu próprio corpo, uma vez que ela já não sabia a quanto tempo estava presa, um dia, um ano, uma década… A luz de sua existência já parecia sumir dos corações daqueles que um dia a conheceram. Mas uma alma, somente uma pessoa que lembrava dela e rezava por ela todas as noites, serviu para despertar a atenção de Antares. Ele mesmo não sabia sobre Maia, o tempo de vida dos humanos para ele passa como se não fossem poucos segundos. Porém, ao olhar mais de perto ele pode ver, que aquela mulher tinha sua própria essência dentro dela, ela era fruto de sua primeira visita ao mundo de Galatea, para vivenciar como era ser um humano, algo que ele mesmo não esperava que fosse acontecer.
Percebendo o estado em que sua filha estava, ele sentiu culpa. Culpa por não saber de sua existência. Culpa de tê-la abandonado. Culpa de não tê-la guiado. Então ele entrou em contato com a Madre que orava por Maia e a ela concedeu uma pequena chama de luz. A mulher aceitou de bom grado e tomou a missão que lhe foi conferida de resgatar a moça e lhe conceder aquela chama. Ela encontrou o calabouço, seus olhos flamejavam e rajadas de luz sagradas eram emanadas de suas mãos, evaporando os inimigos. O problema, é que seu corpo não era um receptáculo para tamanho poder bruto e ao ponto em que chegou ao encontro de Maia, ela já estava em seu limite. Ao conceder-lhe a chama e contar quem Maia realmente era, ela testemunhou o ascender da deusa, um dos poucos mortais que um dia viveu para ver tal ato divino. Maia já não passava de pele e osso, seus olhos mal tinham vida e cicatrizes cobriam seu corpo. Porém, uma vez que a luz preencheu seu ser, ela emanou luz. Seu corpo se curou e ficou tão belo como nunca, os grilhões se soltaram de seu corpo e suas cicatrizes já não estavam mais la, como se nunca houvessem existido.
Não só foi um momento de mutação física, mas de iluminação mental e espiritual para Maia. Com a luz, veio sabedoria, ela entendeu o que era ser humano, ter um lado luminoso e um sombrio dentro de si. Seu eu foi preenchido de benevolência e justiça. Ela manifestou atrás de si um ornamento que continha a chama e de seus antigos grilhões formou novos da cor de bronze, que servem de símbolo para lhe lembrar de que não se deve se entregar a seu lado sombrio. Ela expurgou aqueles que tentaram contê-la em nome da justiça, curou a madre e lhe concedeu juventude e grande fertilidade, esta viria a ter uma vida longa e com filhos, netos e bisnetos numerosos. E foi a fundadora do culto a Maia e ao caminho da luz. Maia “O arauto da luz”, é uma das divindades mais importantes de Leônia, ao lado de seu pai Antares.
Oblivion “O Abissal”
É dito que o Oblivion existia no espaço vazio desde que este foi gerado. Uma entidade que espreitava nos cantos mais distantes da realidade, apenas aguardando seu momento, vagando entre os planos astrais, alimentando-se do fim de estrelas, da destruição de planetas e de buracos negros. Uma criatura que se mantinha viva consumindo qualquer faísca de energia que fosse possível, e assim, crescendo cada vez mais. Não era uma entidade como os próprios deuses primordiais, estava mais para um verme glutão que vagava pelo cosmos. Passou tanto tempo vagando através da simples existência que seria impossível calcular com números. E teria continuado a perambular sem rumo pelo universo se não fosse por Luna e pelos deuses. Foi quando a jovem garota começou a fazer uso de suas magias que canalizavam a Lua que ele percebeu a presença de Galatea pela primeira vez.
O Oblivion virou-se para aquele mundo jovem, e ainda sim, promissor. Para ele aquilo não era nada além de um simples banquete. Mais um planeta para ser devorado, mas conforme ele se aproximava podia sentir cada vez mais energia, não era como uma simples estrela, era um mundo mergulhado em mana e poder, e cercado de diversos deuses. Assim que ele se aproximou da Lua a deusa esperava-o, com sua lâmina deitada sobre o colo.
O monstro estendeu sua mão, mas antes que pudesse fazer qualquer coisa foi repelido, e pela primeira vez ele havia encontrado alguma coisa que se comparava a ele. Ambos os deuses lutaram furiosamente, mas o Oblivion simplesmente não tinha chances contra sua inimiga, e tentou fugir para longe de seu combate, procurando se esconder em Farenon. Rastejando através dos céus élficos ele deixou um longo rastro de sangue que mais tarde se tornou a Aurora Boreal. Seguindo seu rastro Luna alcançou-o, mas antes de morrer ele implorou por sua vida, e prometeu redenção. Acreditando em suas mentiras Luna o perdoou e o trouxe consigo para seu lar na Lua.
Lá ele reuniu forças para poder finalmente vencer sua inimiga, mas ele foi derrotado mais uma vez. Para não ser completamente destruído o Oblivion permeou a própria lua com sua existência, tornando metade dela permanentemente obscura.
Zalbaag “O errante”
Zalbaag, não tem uma história de grandes feitos e renome como os demais, pelo contrário, geralmente era ele que cantava e compunha as prosas para contar os feitos dos outros. Apesar de ser humano, ele não nasceu em Leônia, mas sim em algum lugar em alto mar, perto de Karthago. Cresceu em meio a ladrões, piratas, rodas de jogos de azar, tendo sempre que se virar para sobreviver. Filho de rapariga, nunca soube de seu pai, provavelmente era um daqueles bêbados fedendo a mijo que ele via na sarjeta.
O fato é que não se encantava por aquela vida desonesta em si, mas sabia que nunca ia poder tirar aquele lugar de dentro de si. Então ele aproveitou de seu dom para música, de sua mente criativa e seu jeito malandro, para compor, declamar, tocar músicas das mais variadas, por todas tavernas que permitiam. Ele logo conseguiu juntar um dinheiro em sua juventude e pagou uma passagem só de ida para as Terras selvagens. De lá ele usou desse seu dom para peregrinar por toda Galatea, como um bardo errante, chegou até mesmo a conhecer grande parte do reino élfico, foi uma das poucas exceções a serem recebidos por eles. Aprendeu sobre todas as culturas, aprendeu diversos tipos de magia, falava todos os idiomas dessas terras, adquiriu tamanha sabedoria.
Porém, como todo mortal, a idade o alcançava rápido e ele sentia em seu âmago que ainda havia muito o que viver. Para ele, somente o tempo de uma vida não bastava. Então ele começou a frequentar cultos, pesquisar histórias antigas, a juntar uma pequena fortuna e com suas tramoias e jogatinas. Ele criou diversos tipos de jogos e esquemas de entretenimento que rapidamente se espalharam e popularizaram. Até que um dia, em uma tenda perdida nas Terras selvagens, ele olhou para um homem que entrara em uma de suas rodas de jogo. Enxergou algo nele que o impressionou e no mesmo momento fez as engrenagens de sua mente funcionarem a mil. A alma daquele ser queimava como a de nenhum outro e levou apenas um momento para Zalbaag reconhecer que não era um mortal a sua frente.
Ele tratou de alimentar a curiosidade do homem, atiçou sua cobiça, o fez ganhar muito e logo em seguida perder. E foi mais ao fim da noite, quando os demais no recinto já caiam bêbados ou haviam indo para o leito de uma mulher, que ele criou algo que viria a ser utilizado até mesmo por grandes líderes com o passar dos anos. Ele conseguiu enganar aquele deus com algum de seus esquemas mirabolantes e propôs um trato, uma aposta, um juramento em forma de magia, que foi tão poderoso que ligou a vida de ambos até que fosse concretizado. De alguma maneira, ele conseguiu vencer o deus, assim tomando dele seus poderes e sua própria essência divina. Naquela noite nasceu Zalbaag “O errante”. Ele é o deus da trapaça, da música, da sorte, dos jogos, dos festivais, representa a grande liberdade dos seres vivos e por conta disso é muito cultuado por todos os lados. Ele mesmo sendo convidado para morar no reinado dos céus, não costuma ficar muito por lá, pois sua essência errante é muito forte, sendo um dos deuses que mais vaga por Galatea.
Khárceres “O guardião do submundo”
Muitos foram os chefes guerreiros que surgiram e caíram nas Terras Selvagens, que assim como seu nome passa, é baseada na força e lei do mais forte. Vários são dignos de destaque e até mesmo residem nas memórias dos Khargits até os tempos atuais, mas um em específico conquistou um lugar na própria história de Galatea.
Um orc poderosíssimos, feroz em batalha, sem um pingo de remorso contra seus inimigos, Khárceres se tornou um chefe guerreiro do Khargit Torak, ainda em sua juventude. Lançou inúmeras investidas contra o território hoje onde se encontra Shadalakh e contra a milenar Citadela Ferrabrasa, reconquistando vários dos territórios que Thorn havia conseguido para os anões. Ele foi um dos primeiros a conseguir em certas batalhas unificar os Khargits órquicos em prol de uma vitória gloriosa nos campos de batalha. Como um dos primeiros Grandes Chefes Guerreiros, ele foi o orc responsável pela fundação de Kraantea e do Khargit’Dorken(Desafio do Grande chefe guerreiro), popularizando o gosto pelas arenas e pelos desafios e julgamentos nelas. Aquilo virou não só a forma de justiça dos mais fortes, como também os grandes shows e espetáculos que tomam conta do povo das Terras Selvagens.
Foi também o primeiro chefe guerreiro a abdicar de sua posição, uma vez que ele trocou de campo de batalha, saindo das linhas de frentes das investidas de seu povo, para apenas o chão de areia batida banhada a sangue, das arenas. No grande desafio onde seu sucessor subiria ao posto de Grande Chefe Guerreiro, ele como sua última ordem, deixou que qualquer habitante das Terras Selvagens pudesse participar e assim milhares de guerreiros tentaram a sorte. Por suas mãos, muitos deles caíram sobrando apenas alguns poucos representantes de cada Khargit, foi nesse momento que ele deixou com que brigassem e não participou mais daquela batalha, pois sabia em seu âmago que nenhum restaria para ter seu lugar se o enfrentasse. Ele possuía em suas mãos armas forjadas pelo próprio Thorn, que encontrará em uma das inúmeras câmaras secretas do deus ferreiro, um chicote capaz de abalar as terras ao ser brandido e um machado capaz de penetrar qualquer armadura. Ele acabou virando um executor das arenas, ninguém que o enfrentasse saia com vida e logo era julgado como indigno ou culpado. As lendas contam que ele nunca foi derrotado, nem mesmo o tempo parecia chegar a um embate justo com o orc, então pela primeira vez o deus maior e criador das terras selvagens e dos orcs reconheceu uma de suas crias como possuidora da mesma selvageria que ele e derrubou um pouco de sua essência sobre ele. As armas de Thorn absorveram essas essência e se tornaram mais poderosas ainda, enquanto o orc agora ganhava um posto de executor e julgador pelo resto dos tempos. A ele foi concebido pelos outros deuses, o posto de julgamento das almas no pós vida, ao serem tocados por suas armas, a alma é levada ao descanso eterno ou a um dos sete infernos, a depender de como fora a vida deles. Ele se tornou o Khárceres “O guardião do submundo”.
Alassë “O Cem Olhos”
Não há vitória sem sacrifício. Não há revolução sem que sangue seja derramado. Tudo tem um preço, e isso se provou verdade para Alassë, o Vagante ( Ou o Perdido). As histórias contam sobre suas aventuras nos tempos da aurora, quando os deuses antigos ainda caminhavam pelas terras de Galatea, antes da criação de um território só para eles. Algumas outras falam sobre sua juventude eterna nos dias atuais e outras dizem que ele é tão antigo quanto o próprio universo. Alassë não é uma entidade venerada como as outras, e suas histórias são confusas e desconexas, onde cada uma pode contar algo diferente, um nascimento diferente, um romance e até mesmo uma morte diferente. Mas isso não faz delas mentira. Na verdade, todas parecem ter acontecido de fato.
As lendas mais antigas falam sobre um elfo o qual se tornou obcecado com os caminhos da magia e dos mistérios do mundo, sendo conhecido como o ser mais inteligente de sua época, capaz de criar coisas inovadoras e gerar magias nunca antes vistas. Alassë viajou por todos os reinos de Galatea, aprendendo sobre tudo o que era possível, com os melhores mestres de todos. Foi um aluno excepcional de Reindal e Abaddon, e era chamado também de encantador de dragões, por ter tido a coragem de ir até o Vale dos Dragões e convencer estes a lhe ensinarem seu conhecimento.
Mas nem todo o conhecimento é bom. Há quem diga que ele pode ser um fardo e quando o elfo começou a se desviar de seu caminho no vale ele passou a aprender sobre as coisas destrutíveis do mundo, a magia negra e as naturezas da morte, o submundo e sua fascinante forma de julgar as almas.
Corrompido por um dragão demoníaco Alassë se aprofundou nos estudos proibidos pelos deuses, e mergulhado no conhecimento obscuro ele se perdeu. Seu intelecto era tão superior que ele se tornou amigo dos deuses dragões, e um deles foi enganado em um dos truques de Alassë. O Dragão, ao perder na aposta, concedeu a ele a chave para todo o conhecimento existente. Não se sabe exatamente o que ele encontrou ou descobriu nas bibliotecas do vazio, mas suas ações foram tidas como crime divino, e ele passou a se esconder dos olhos dos criadores.
Tornou-se caçado e banido, e vagou por anos tecendo magias e caminhando através do plano dos mortos onde ele não poderia ser encontrado pelos deuses. Em sua jornada ele conheceu uma jovem encantadora. Esperança era seu nome. Alassë já não era mais belo e jovem como antes, agora carregava o peso do saber em suas costas e toda a sua felicidade parecia ter deixado seu corpo, mas Esperança achou que podia salvá-lo e apaixonou-se pelo elfo.
A garota era pálida como a luz da lua e trajava longos vestidos brancos, mas apesar de toda sua beleza delicada ela não era como seu amado. Ela era eterna e apesar da longevidade da raça dos elfos eles ainda podiam morrer. E a cada dia que Alassë passava no mundo dos mortos sua carne apodrecia mais, não podendo vê-lo ser destruído de pouco em pouco ela sacrificou parte de sua alma e deu a ele.
Conjurando uma magia antiga e poderosa de proteção Alassë se tornou imune a qualquer tipo de magia, ataque ou maldição. Ele se tornou um imortal quase perfeito. A proteção só poderia ser quebrada caso ambos fossem mortos ao mesmo tempo. Sentindo-se poderoso o suficiente para enfrentar até mesmo deuses o elfo se ergueu novamente em Galatea, mesmo tendo sido avisado para se retirar.
Aldebaran então desafiou-o para um combate até a morte e os dois lutaram nas arenas dos deuses. Caso Alassë ganhasse estaria perdoado de seus crimes e se tornaria um deus, caso perdesse seria executado. Mas ele não sabia que Thorn já havia descoberto sua imortalidade e preparado uma armadilha para ele. Ao confrontar Aldebarã centenas de correntes prenderam o elfo na arena. Sabendo que estava para ser trancado por toda eternidade ele novamente acessou seu conhecimento da biblioteca do vazio, guardado em sua mente e fez um sacrifício para se libertar, deixando que todas as informações da biblioteca inundasse sua mente.
Cheio de poder e livre das correntes ele partiu para cima de Thorn e Aldebaran, mas seu corpo não podia tocá-los. Seu rosto ardeu e desfigurou-se diante dos deuses e cada centímetro de si tornou-se intangível, isso por que ele não estava mais presente nos planos da existência.
Ele havia sacrificado tudo para se libertar, mas sua própria magia e conhecimento haviam o condenado a vagar pelo tempo. Sua mente quebrou-se em bilhões de pedaços, estilhaços separados em cada segundo da eternidade e ele se tornou presente em todas as linhas temporais.
Sua visão que havia sido destruída, junto com seu rosto, agora via melhor do que nunca. Ele enxergava o mundo com cem olhos. Tudo o que aconteceu, tudo o que estava para acontecer e tudo o que poderia acontecer existia ao mesmo tempo em si e ele não podia fazer nada para mudar. Podia apenas assistir e deixar que acontecesse.
Com o tempo, até mesmo sua voz desapareceu, e Alassë foi esquecido. Mas ele ainda vive em eterno silêncio, enquanto toma conta dos fluxos do tempo e não permite que Esperança morra, em nenhuma das linhas temporais. Ficou conhecido por ser o único Deus a ascender de modo não convencional.
Aldebaran, “o purificador”
Seu símbolo, o sol com quatro raios de luz, pode ser encontrado em escudos de soldados, espadas e até mesmo armaduras, cravados como uma espécie de amuleto por seus donos, uma forma de invocação de proteção e poder que seus seguidores acreditam ter.
Aldebaran é, assim como maia, filho de Antares e conhecido por sua juventude e bravura em campo de batalha. Seu nascimento foi rezado por antigas profecias e sussurrado nos salões dos primeiros homens em todos reinos, centenas de anos antes. Recebido como filho legítimo de Antares, apesar de ser parte humano, ele foi treinado desde seus primeiros anos nas artes da batalha, erguer uma espada está entre as primeiras coisas a qual foi ensinado.
Mas mesmo tendo sido criado como um príncipe seu despertar divino só aconteceu anos mais tarde. Ele era conhecido por sua arrogância entre os deuses, “o garoto que acreditava ter o mundo em suas mãos”, eles o chamavam. Prepotente, irritadiço e aborrecente. Ele era como um pavio, prestes a ser estourado.
Graças a sua raiva incontrolável ele era alvo de muitas provocações e armadilhas, sendo constantemente considerado motivo de risadas. Quando entre os humanos causava bagunças e problemas com monstros. Thorn, cansado de ver as ações inconsequentes do garoto resolveu dá-lo uma lição. Fingiu forjar à ele uma arma poderosa, uma espada feita de luz capaz de cortar qualquer coisa, mas assim que Aldebaran recebeu o item de presente todo o seu poder desapareceu junto com a arma.
Thorn disse a ele que só teria seus poderes de volta quando encontrasse a espada, perdida em algum lugar de Galatea. Aldebaran passou anos vagando entre os elfos e humanos, aprendendo com os anões e fadas durante sua busca pela arma perdida. Só encontrou conforto cem anos depois, cansado de sua peregrinação, onde finalmente desenvolveu amor por sua vida simplória, encontrando afeto por uma camponesa simples. Teve filhos e passou a viver em uma vila isolada das grandes cidades.
Certo dia seu vilarejo foi atacado por orcs, dúzias deles avançavam sobre as terras queimando as casas e assassinando os pobres, mas sem seus poderes ele não podia fazer nada. Sentindo-se impotente e desejando usar seu poder para salvar sua família ele despertou o sangue divino dentro de si e descobriu que a espada de luz esteve o tempo todo consigo, dentro de si. Ele só precisava poder enxergá-la.
Brilhante como o próprio sol ele trouxe a justiça divina dos deuses ao local, apagando os orcs que atacavam o vilarejo da existência com apenas um movimento. O lugar tornou-se sagrado por ser o berço em que o deus guerreiro surgiu e ele finalmente pode tomar seu lugar de volta no reino dos deuses, tendo encontrado os sentimentos que precisava para isso. Tornou-se o símbolo de justiça e honra com o passar do tempo e sua imagem é constantemente encontrada em formas de estátuas e símbolos por todas as cidades.
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