A maldição do vampirismo
O Vampirismo é uma complexa condição de morte-vida presente em Centúria, originada como uma maldição divina do deus Kharak Gul. A condição se manifesta de maneiras distintas, criando uma clara hierarquia de poder e senciência entre os afligidos. Eruditos costumam categorizar o vampirismo em duas vertentes principais: a maldição, de origem divina e ritualística, e a doença, uma versão mundana e infecciosa conhecida como Sanguinare Vampiris.
Origem
A fonte de todo o vampirismo é Kharak Gul, o deus da dominação, gula e corrupção. O vampirismo original é uma de suas "dádivas", uma maldição que "mata" seu portador e, em seguida, o preserva magicamente em um estado de morte-vida. Este processo distingue fundamentalmente um vampiro de mortos-vivos comuns, que são meramente reanimados por uma influência necromântica externa. Um vampiro é, em sua essência, um ser cuja força vital foi substituída pela energia mágica e corruptora de seu deus.
A hierarquia vampírica
A forma como um vampiro é criado determina sua posição na hierarquia, seus poderes e, crucialmente, seu livre-arbítrio.
Progenitores (Sangue-Puro)
Os Progenitores são os vampiros originais, os mais poderosos e os primeiros de suas respectivas linhagens. Sua criação é forjada diretamente por Kharak Gul. O deus aniquila o corpo e a alma de um mortal escolhido e o recria, infundindo em suas veias o sangue mágico que serve como a própria essência da maldição.
Cada Progenitor manifesta a maldição de forma única, resultando em um conjunto de habilidades exclusivas que definirão sua linhagem. Um Progenitor pode transformar um mortal em um Vampiro Verdadeiro ao compartilhar uma fração de seu sangue e poder. Este ato, no entanto, resulta em uma diminuição de sua própria força, tornando a criação de novos vampiros um sacrifício estratégico.
Vampiros superiores
Também conhecidos simplesmente como "vampiros", são criados quando um mortal ingere o sangue de um Progenitor ou de outro Vampiro Verdadeiro.
Diferente de outras formas de mortos-vivos, a vontade de um Vampiro Verdadeiro não é subjugada pela de seu criador. Eles mantêm seu livre-arbítrio e herdam uma versão um pouco mais fraca das suas habilidades (constituindo, portanto, a linhagem). A potência de um novo vampiro depende de quanta energia foi compartilhada durante a transformação.
Podem criar outros vampiros verdadeiros, mas, assim como seus mestres, também se tornam permanentemente mais fracos a cada novo membro que adicionam à sua linhagem. Por isso, o normal é que um vampiro verdadeiro crie no máximo um outro vampiro em sua vida.
Todos os vampiros verdadeiros têm sua existência ligada à do progenitor; a destruição do progenitor representa a destruição da linhagem.
Sanguinare Vampiris
Paralelamente à maldição divina, existe uma versão infecciosa e degenerada do vampirismo conhecida entre curandeiros e estudiosos como Sanguinare Vampiris.
Vampiros inferiores
Vítimas da doença, os vampiros inferiores carecem da pureza e do poder de suas contrapartes amaldiçoadas. A doença é contraída através do contato com qualquer criatura vampírica, geralmente por meio de mordidas ou cortes profundos. A infecção leva três dias para se manifestar completamente. Durante este período, a vítima desenvolve uma crescente aversão à luz do sol e uma sede anormal ao anoitecer.
Ao final do terceiro dia, o portador morre e desperta na noite seguinte como um vampiro inferior, desprovido de razão e guiado por instintos básicos. O vampiro inferior possui livre-arbítrio, mas se sente profundamente atraído pela linhagem que o infectou, geralmente gravitando-a. É normal que tenham muita dificuldade em controlar seus impulsos mais básicos, o que geralmente faz com que sejam rapidamente identificados e destruídos, mas há aqueles que conseguem recuperar o controle do próprio corpo. São o tipo mais comum de vampiro com livre-arbítrio.
Crias vampíricas
As Crias formam a classe mais baixa e numerosa da sociedade vampírica, servindo como soldados e servos bestiais. Uma criatura mortal que é completamente drenada de seu sangue por um vampiro irá reanimar na noite seguinte como uma cria vampírica.
São seres quase que inteiramente bestiais, retendo apenas fragmentos de sua antiga personalidade. Possuem habilidades vampíricas limitadas, todas as fraquezas da condição e são completamente subjugados pela vontade de seu mestre. Crias vampíricas são, portanto, portadoras de uma forma agressiva de Sanguinare Vampiris, e podem espalhar a doença.
Há relatos de que uma Cria pode evoluir para um Vampiro Inferior caso um vampiro verdadeiro da linhagem que o contaminou permita que ela beba de seu próprio sangue, um ato raramente concedido.
Fisiologia e fraquezas
A fome
Kharak Gul tem um cruel senso de humor e, por isso, amaldiçoou os vampiros a um paradoxo que por vezes é angustiante para eles. A terrível fome que os vampiros precisam suportar é quase intolerável até mesmo para os progenitores. Todavia, quanto mais um vampiro se alimenta, mais fraco ele fica.
A força sobrenatural, velocidade e habilidades mágicas de um vampiro atingem seu ápice quando ele está faminto. Ou seja: quanto mais tempo ele passa sem se alimentar, mais perigoso se torna, ganhando acesso a habilidades cada vez mais perversas de sua linhagem. A fome, porém, tende a gradativamente enlouquecer o vampiro.
Por outro lado, ao se alimentar de sangue, o vampiro sacia sua sede e recupera uma aparência mais humana, facilitando a infiltração na sociedade mortal. Isso cria um dilema constante: buscar o poder máximo ao custo de uma fome enlouquecedora ou sacrificar seu poder em troca de sutileza e controle.
Progenitores muitas vezes buscam um meio-termo para esse dilema, saciando-se apenas o bastante para continuarem agindo com razão, garantindo que sempre estejam em um estado aguçado e predatório, prontos para reagir a qualquer ameaça — até de sua própria corte.
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